GATOS7GATOS

Criei este blog para falar dos gatos da minha vida. Os meus, os seus, os nossos. Da felicidade que é conviver com estes serzinhos tão especiais.
Quem tem o privilégio de conviver com um gato ao menos sabe o que estou dizendo. Estão sempre ao seu lado, sabem quando você não está bem, compreendem o que você diz. Olhe nos olhos de um gato e você saberá o quanto são inteligentes.
ADOTE UM GATO, SUA VIDA NUNCA MAIS SERÁ A MESMA!!!!!

sexta-feira, 10 de junho de 2011

PORQUE COISAS RUINS ACONTECEM?

Escrevi aqui sobre o resgate dos 6 gatinhos da Rua Afonso Celso. Fizemos muitos planos para o futuro deles. Imaginamos todas as dificuldades que teríamos pela frente para "domesticar" os seis gatinhos, ariscos demais, muito bravos, desconfiados. Eles simplesmente paralisavam diante da gente, ficavam estáticos e nos olhavam fixamente. Qualquer tentativa de aproximação era recebida com fus e patadas diretos e certeiros. Como infelizmente só podíamos estar com eles um dia na semana, o trabalho seria árduo. Como desejávamos ter este trabalho. Não teremos.
Na última segunda-feira, à tarde, não sabemos como aconteceu, eles quebraram o vidro de uma das janelas e fugiram. Claro, não quebraram o vidro para fugir, fugiram porque acidentalmente quebraram o vidro. Cinco deles foram embora. Cinco deles deram as costas ao abrigo, aos cobertores que os aqueciam, ao alimento de boa qualidade e na medida de suas vontades. Correram de volta a liberdade perdida e aos riscos que ela representa.
Melancia, Helena, Lua, Kiwi e Léo, gatinhos selvagens e por nós já tão amados. Levaram com eles os nossos sonhos de ver cada um deles em um lar seguro, amados. De vê-los brincando felizes, acarinhados, dormindo em caminhas macias e cheirosas, de barriguinha cheia, com saúde. Não conseguimos nos 20 dias que estiveram com a gente fazê-los sentir que somos gente do bem. Não transmitimos confiança. Eles não aceitaram nossos abraços, escolheram a liberdade perigosa, sofrida, triste. Porque? Porque meu Deus?
Por coincidência ou não, o único gatinho que escolheu não fugir foi a Lili, doce Lili. Desde o início a gatinha assustada que permitia até colo! Ela teve a mesma oportunidade de fuga, teve tempo e não foi embora. Ficou só, assistiu seus companheiros passarem por aquele espaço e ganhar de novo a liberdade e ficou. Hoje, por segurança reforçada causada pelo medo do que aconteceu, a pequena Lili está numa coelheira, triste, solitária, sentindo falta dos amiguinhos de rua e de brincadeiras. Sim, de brincadeiras, porque quando sozinhos brincavam muito e acredito que foi em um destes momentos que algum deles subiu no estreito parapeito da janela e quebrou o vidro. Espertos como são transformaram um pequeno buraco em um suficientemente grande para permitir cada gatinho passar por ele. Não há qualquer vestígio de sangue que indique algum ferimento, nem na janela, nem nos pedaços de vidro, nem pelo caminho próximo ao local da fuga.
Derramamos muitas lágrimas por eles. As primeiras foram as do Dr. Michael que ao constatar a fuga sentou no chão e chorou, chorou muito. E continuamos chorando e lastimando a triste sorte destes gatinhos, gatinhos  que por poucos dias tiveram identidade, tiveram uma perspectiva de um futuro feliz. Lua, Léo, Helena, Kiwi e Melancia.
Vou para a minha cama todas as noites e em menos de 5 minutos meus três gatinhos estão lá procurando se aquecer. Antes o meu sentimento neste momento era de pura felicidade, hoje minha felicidade é abafada pelas lágrimas que não consigo evitar. Penso neles, como estarão. São noites tão frias...e novamente me pergunto, porque?
Não desejei resgatar e me responsabilizar por estes gatinhos. Desde o início pedi ajuda para que fossem resgatados. Sempre afirmei não ter como cuidar deles. As coisas aconteceram, fui envolvida, minha filha foi envolvida e eles acabaram sob a nossa responsabilidade.
Nosso primeiro resgate se traduz hoje em culpa, em tristeza, em preocupação, em frustração. Nosso primeiro resgate será uma marca profunda que estará sempre em nossos corações, em nossas lembranças. Não é possível somente lamentar e esquecer. Isto não será esquecido nunca. Teremos sempre viva a imagem de cada um deles, aqueles bichinhos encolhidinhos, aqueles olhinhos nos fixando...Me sinto castigada e não entendo porque. Não fizemos nada por vaidade, fizemos apenas por amor. Não acho justo carregar esta dor.
Amanhã vamos visitar a Lili. Não posso trazê-la para o meu apartamento, não posso colocá-la junto aos meus três gatinhos de 8 e 7 anos que nunca conviveram com outros animais senão eles mesmos e deixar todos eles o dia todo sob a responsabilidade de minha mãe de 86 anos. Fico fora por mais de 12 horas todos os dias. Minha filha também não tem como levar a Lili para o apartamento dela, no último final de semana ela adotou o seu quinto gatinho e os outros ainda não aceitaram o "intruso" Dean. O tempo que pensamos ter antes hoje não cabe na realidade da Lili. Não podemos deixá-la por tanto tempo sozinha, tememos pela saúde dela.
Alimentamos a esperança de que eles voltem em busca de comida e que com o tempo possam ser resgatados outra vez.
Eu não sei como e nem quando, mas, um dia vou compensar o que não pudemos fazer por estes nossos 5 pequenos. Um dia...por enquanto vou tentar entender o porque de tudo isto acontecer.
Aos amigos eu peço ajuda para encontrar um lar para a Lili e orações para que a Helena, o Léo, o Kiwi, a Melancia e a Lua possam estar bem na liberdade que escolheram viver.